De todos os fenômenos naturais o que mais me amedronta e fascina são os tsunamis. Desde criança tenho sonhos com eles, sonho que estou vivendo a minha vida e de repente, do nada uma onda inimaginavelmente grande e de um verde nunca visto, nem nas casas do Wannel Ville, passa arrastando tudo, inclusive eu! Já sonhei com tsunamis em inúmeras situações ao longo desta vida, em rios, surgindo de bocas de lobo, o último vinha do mar da Bahia e arrastava com ele barcos, baleias, submarinos e até um surfista bem apetecível.
Um dia busquei no Google o significado de mais de trinta anos de sonhos, encontrei num desses sites místicos que, sonhos com grandes ondas premonizam grandes dificuldades. Esoterismo nunca foi o meu forte, e puxando pela memória cheguei à conclusão que, não importa os tsunamis, tempestades ou qualquer outro cataclismo, as dificuldades vêm e vão, estão mais para os movimentos das marés. Além do mais, meus sonhos nunca foram pesadelos, ninguém morre neles e depois que a onda passa tudo fica limpo, até o ar e uma nova ordem é instaurada. Então cheguei à conclusão que não preciso ler sonhos.com, Freud ou Lacan para interpretá-los, meus sonhos não são cassândricos e sim niilistas. No fundo desejo que esta onda passe e varra: A saudade dos que demoram a voltar e dos que jamais voltarão, a lembrança dos amores mal vividos e o desejo do não correspondido, a razão dos que odeio e a hipocrisia dos que amo, o medo do futuro incerto e a certeza de que a coisa toda descambou para a banalidade, a inveja do casal de idosos de mãos dadas na sala de espera da clínica, a aceitação da miséria por pura inércia e a convicção de que homem-humano não é mais pleonasmo! O que mais me incomoda é que a onda passa, eu acordo e o ar continua denso e a desordem continua a imperar, e que eu não posso criar um tsunami na minha pia, ou no meu vaso sanitário por exemplo. Ou será que posso?
Sem alternativas, devoro um pote de sorvete e ouço Madeleine Peyroux, tomo um relaxante muscular e vou dormir, esperar pela próxima onda!
Um dia busquei no Google o significado de mais de trinta anos de sonhos, encontrei num desses sites místicos que, sonhos com grandes ondas premonizam grandes dificuldades. Esoterismo nunca foi o meu forte, e puxando pela memória cheguei à conclusão que, não importa os tsunamis, tempestades ou qualquer outro cataclismo, as dificuldades vêm e vão, estão mais para os movimentos das marés. Além do mais, meus sonhos nunca foram pesadelos, ninguém morre neles e depois que a onda passa tudo fica limpo, até o ar e uma nova ordem é instaurada. Então cheguei à conclusão que não preciso ler sonhos.com, Freud ou Lacan para interpretá-los, meus sonhos não são cassândricos e sim niilistas. No fundo desejo que esta onda passe e varra: A saudade dos que demoram a voltar e dos que jamais voltarão, a lembrança dos amores mal vividos e o desejo do não correspondido, a razão dos que odeio e a hipocrisia dos que amo, o medo do futuro incerto e a certeza de que a coisa toda descambou para a banalidade, a inveja do casal de idosos de mãos dadas na sala de espera da clínica, a aceitação da miséria por pura inércia e a convicção de que homem-humano não é mais pleonasmo! O que mais me incomoda é que a onda passa, eu acordo e o ar continua denso e a desordem continua a imperar, e que eu não posso criar um tsunami na minha pia, ou no meu vaso sanitário por exemplo. Ou será que posso?
Sem alternativas, devoro um pote de sorvete e ouço Madeleine Peyroux, tomo um relaxante muscular e vou dormir, esperar pela próxima onda!
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